Manutenção de Lagos com Aeração por Ar Difuso – Controle de Algas Verdes
Aeração – Controle de Algas Verdes
Entre os acidentes de percurso de 99% das pessoas que apreciam ter um lago ou tanque com alguns peixes para lazer ou atividade comercial, o aparecimento das algas verdes é algo que os proprietários, em algum momento, vão enfrentar. É bastante comum ver o prazer que um lago cristalino deveria propiciar transformar-se em total decepção.
Lagoas artificiais são geralmente sistemas fechados, ao contrário de lagoas naturais com rios fluindo através delas. Os sistemas fechados dependem de filtração biológica para purificar a água e aeradores para reoxigenação e estão mais sujeitas à sazonalidade da proliferação de algas tanto unicelulares como algas filamentosas devido ao acúmulo de nutrientes e dióxido de carbono.
As algas verdes são algas unicelulares conhecidas como Cianofíceas e ocorrem pela presença de nutrientes e dióxido de carbono na água da lagoa, combinado com a luz solar. Estes tipos de algas contêm pigmentos (clorofila, xantofila e carotenóides), que fazem as algas absorver energia luminosa e utilizá-la para converter o dióxido de carbono e nutrientes disponíveis na água em biomassa de novas células através da fotossíntese. A combinação explosiva de elementos que favorecem surtos destas algas verdes: Luz + Excesso de Nutrientes + Oxigênio = Algas.
Os nutrientes mais importantes neste ciclo são o nitrogênio e o fósforo. O nitrogênio é fornecido pelos de resíduos de peixe em decomposição, rações não consumidas e lodo acumulado no fundo da lagoa; o fósforo pode entrar na lagoa por adubação das terras ao redor (adubação agrícola), infiltração de dejetos orgânicos e/ou descarga de esgotos domésticos ou detergentes que contenham fósforo (sabão em pó, por exemplo).
Controle de Algas Filamentosas e Algas Verdes
Algas verdes podem ser controladas com manejo adequado que inclui: aeração, presença de plantas aquáticas, sombreamento, esterilização ultravioleta ou métodos químicos. O uso de plantas aquáticas flutuantes (Método SNatural), compete com as algas pelos nutrientes disponíveis e dióxido de carbono. O sombreamento só será possível se houver folhagem ou abrigo para inibir a exposição à luz solar. Os tratamentos químicos podem ser bem sucedidos, mas devem ser periódicos, podem ser caros se o lago for muito grande, de efeito temporário além de potencialmente prejudiciais aos vegetais e peixe.
Com relação à causa do problema, derivado do excesso de nutrientes, podemos minimizar o problema observando algumas regras simples: os nutrientes são provenientes ou da decomposição da matéria orgânica que libera o nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) ou da terra propriamente dita e podem chegar ao lago através de poeira e enxurradas, sobras de ração não aproveitadas pelos peixes, alimentos de baixa qualidade e que esfarelam ao simples contato com a água; rações inadequadas, com muita proteína, próprias para pesqueiros ou engorda de peixes que geram muitos resíduos e que acabam poluindo os viveiros. Todos estes fatores podem ser controlados com correções simples. Outro fator que acelera o aparecimento de algas verdes é a superpopulação que gera excesso de matéria orgânica por dejetos dos peixes e a amônia produzida pela respiração branquial resultando em nitrato e fosfato, fonte de alimento para as algas. Outro fator, a inexistência ou deficiência de filtragem mecânica e biológica que deveriam retiram o excesso de matéria orgânica e detritos sólidos da água, é outra causa comum. A má circulação de água, fazendo aparecer zonas mortas, locais onde não existe circulação efetiva de água e onde se dá o acúmulo de matéria orgânica. Construção de lagos rasos com fundos de cor clara como o azulejo branco que reflete a luz no fundo, tende a refletir como um espelho, potencializando seu efeito e causando um rápido aparecimento de algas. Outro fator para o desenvolvimento de algas verdes é a inexistência de plantas aquáticas no lago.
Nas fotos abaixo, a presença das algas verdes unicelulares ou cianofíceas do Gênero Clorela (C. vulgaris) e sua multiplicação desenfreada de coloração verde fica em suspensão e confere ao lago o terrível aspecto de uma sopa de ervilhas.
Aeração
Entre os tratamentos possíveis para minimizar a ação e aparecimento das algas de todo o tipo é a aeração que movimenta o corpo aquático de forma contínua impedindo que o ciclo normal de desenvolvimento de algas que ocorre em águas paradas se processe tranquilamente.
Como a água está em movimento o ciclo de vida tem dificuldade de se completar. A aeração favorece toda a microbiologia benéfica do lago transformando o lago de forma consistente. Sem aeração, um lago construído passa por um ciclo de envelhecimento e degradação que pode ser evitado com uma simples aeração. A aeração oxida a matéria orgânica melhorando a transparência da água, reduzindo odores do gás sulfídrico (H2S) e Mercaptanas, controla o lodo do fundo da lagoa e reduz o desenvolvimento de algas. Quadro de uma sequência típica de qualidade de água sem aeração e depois da instalação de aeradores:
Sistema de Aeração
Aeração de Pequenos Tanques d’Água – Difusores
Para Lagos e Tanques, equipamentos flutuantes reúnem eficiência, robustez, economia de energia e facilidade de manuseio. Na aeração por ar difuso, os equipamentos se adaptam às necessidades: Para tanques rasos como os usados para piscicultura e carcinicultura (1- 2 m), se utilizam:
Sistemas de Aeração Flutuante – Aeração que vem do fundo
O aerador Aeromax FD de fluxo direcionado da SNatural tem 90 watts a 5 CV e mantêm em movimento toda a água de um tanque de 2 hectares/CV.
Para a oxigenação de 10 tons de biomassa ou 1 hectare (10 000 m2) de lâmina de água se recomenda um aerador Aeromax FD de 1 CV.
Este sistema de aeração para tanques de 2 m de profundidade média é um equipamento de alta eficiência de oxigenação (ar difuso) pois arrasta água “varrendo” o fundo do viveiro evitando o acúmulo do lodo.
O soprador está conectado a uma grade de difusores/aeração formado de 8 a 10 difusores planos/CV produzindo de 800 a 1000 litros de ar/minuto/CV na forma de bolhas de 1 a 2 mm que são rebatidas por uma parede dirigindo o fluxo para a frente, permitindo um tempo maior de contato com a água aumentando a dissolução do ar na água. É um equipamento indicado para Pesque Pague, aeração de tanques rede em áreas de baixa circulação de água, criação de camarão, lagos ornamentais e outros. O sistema de ar difuso por membrana é uma evolução do sistema mecânico, se destaca pelo baixo consumo de energia (redução de 40%), é o sistema de escolha para tratamento de efluentes industriais e esgoto doméstico.
Aeração por Venturis
Para aeração e desestratificação de tanques ou lagos profundos se utilizam injetores com bombas submersíveis ou compressores de alta pressão. Utilizando uma bomba de água comum conectada a um bico injetor (Venturi) de ar, pode-se incorporar até 11 m3 de ar/hora por bico injetor, suficiente para 100 tons de biomassa (peixe).
O sistema de aeração não deixa acumular o lodo no fundo mantendo-o sob agitação oxidando-o rapidamente pelo oxigênio dissolvido. Todo o perfil de água passa a ser oxigenado aumentando o volume útil de criação para os peixes. Também evita as condições ácidas de fundo e morte de peixes associada com inversões térmicas do lago ou inversões de camadas da água.
Se utilizada uma bomba de água colocada na superfície, a aeração se faz com o Venturi conectado à mangueira de circulação de água vinda da bomba. O sistema de aeração com Venturi pode ser usado com distribuição para vários tanques de criação.
Utilizando bombas de água comuns de baixo custo e manutenção o sistema pode ser implantado apenas com a aquisição de mangueiras e bico injetor de alto rendimento.
A aeração dobra a capacidade de criação de um tanque de 4 tons/ha para 8 tons/ha, entretanto, se houver acumulação de lodo no fundo e este vier à tona por qualquer motivo poderá haver mortandade total do lote. Nas represas onde se pratica a criação em tanque rede tem-se observado em determinadas épocas do ano mortandades de peixe de uma hora para a outra sem grandes explicações. Acreditamos que a origem do problema se encontra na inversão das camadas do fundo conforme comentado. A técnica acima de remoção ou movimentação de lodo minimiza estas possíveis perdas.